A dieta ancestral

É com o nome de dieta ancestral que o conhecido filósofo Félix Le Dantec classifica o frugivorismo. O distinto biologista francês, acha possível e natural a alimentação pelos frutos, em qualquer século, apesar de milhares de anos de culinária.

Eis a mais concludente prova das doutrinas evolucionistas de Darwin:

Os nossos antepassados viveram de alimentos crus. E quantas pessoas ainda hoje, no serão, não comem senão os frutos das árvores que encontram? A preparação dos alimentos é o pior hábito do homem, e dele derivam grande número de desgraças.

A caixa de Pandora está na cozinha. O próprio vegetalismo cozinhado, bem melhor que o carnivorismo, tem, contudo, os efeitos apontados ainda como um regime morbígeno.

Dizer a certas pessoas que se pode viver só de frutos, pode causar-lhes calafrios, tão enraizadas estão as ideias de que a cerne, o pão e o vinho são a verdadeira nutrição do homem.

A carne que, afinal, é um estimulante, o pão não fermentado., como o vinho, tão prejudiciais e nocivos, usados somente para o falso prazer do paladar.

Na língua humana há sete papilas gustativas; e são essas protuberâncias do epitélio lingual, em forma de V, que causam o desvario alimentar de toda a humanidade.

Não há dúvida, todavia, que o olfacto ajuda esse desvario pelos nervos da pituitária, os quais se aprazem nos fumos dos guisados cadavéricos e semi-putrefactos.

O estômago não tem outro remédio senão receber esses e outros acepipes feitos em lúgubres cozinhas, e engolidos à pressa, e digere-os como pode. Contudo, para além da boca não há sensações sápidas; antes pelo contrário, o aparelho digestivo é sujeito a peso, indolência, dificuldades e opressões; além disso ainda se manifestam males de vária natureza no ventre com a obstrução, nos rins com a excitação, e no fígado que tem um trabalho enorme e contínuo de defesa.

O frugivorismo não cria pessoas obesas, e ao invés reduz as sobrecargas gordurosas, faz diminuir o peso das pessoas, aproxima-as da normalidade, tira as duplas barbas dos rostos de lua-cheia, e desfaz o refego abdominal das pessoas que se não podem mexer, dentro das espartilhadas condições das suas vidas citadinas.

Há quem não tenha podido continuar com o regime frugivorista, porque a família não o permite ou não deixa operar a transição, a depuração lógica de substâncias mórbidas infiltradas há longo tempo.

A dieta dos frutos assenta em bases absolutamente científicas e morais, que ninguém pode menosprezar.