A dieta ancestral - II

A dieta sem fogo é a verdadeira base das reformas sociais, éticas e agrícolas. A sociedade tornar-se-á melhor; o indivíduo purifica-se e a terra povoar-se-á de árvores de fruto de modo que não haja fome. Os argumentos em que se fundamenta a reforma alimentar pelos frutos são anatómicos, fisiológicos, químicos e higiénicos.

* – O homem, como primata, assemelha-se em tudo organicamente aos antropóides. O animal que lhe fica logo abaixo, na série darwiniana, é o gorila. O mesmo número de ossos e de músculos, os mesmos dentes, os mesmos aparelhos e órgãos; a mesma pele com poros e pelos, a mesma atitude até. O homem é-lhes superior na razão e na inteligência, que não no instinto nem na força física.

* - Não há sábio algum moderno, que não aceite a similitude do homem com os antropóides. Ora, o gorila vive de frutos, logo o homem pode também alimentar-se do mesmo modo, mas procedendo com acerto. É o que nos aconselha a lógica

* - Nos frutos e nozes de vária ordem, há os materiais constitutivos para o organismo humano em magníficas proporções assimilativas e vitalizadoras. As nozes contêm albuminóides, gorduras, sais e açucares. Mas estes dois últimos componentes preponderam, com água biofórica, nos frutos de sumo. Basta olhar para uma tabela de percentagens e componentes para se compreender esta verdade que tanta gente desconhece ainda.

* – A carne tem produtos tóxicos como o peixe. O homem não pode sem custo comer crus esses despojos cadavéricos. E quem vive de alimentos vegetais cozinhados, introduz no organismo substâncias impróprias. Os alimentos fermentados são excitantes. Logo, só vive com verdadeira higiene quem come frutos.

Quem tem acompanhado estas considerações deve procurar regenerar-se pelo naturismo, o qual prescreve, além do alimento são, o ar puro e o sol, o exercício e o repouso conveniente.

Deixe a vida civilizada errónea e contrária à natureza. Todas as conquistas humanas quanto à culinária, à casa e ao vestuário, não têm feito mais que encurtar a vida, pervertê-la, miná-la de dores e mágoas, de tristezas e doenças sem fim, muito úteis à indústria farmacêutica.

Quantas misérias físicas e sociais se nos deparam a todo o momento. Crianças perecendo velhos! Homens de trinta anos já sem dentes, calvos e fracos! Mães sem leite para os filhos! E todos, de qualquer classe, homens e mulheres e crianças, padecendo, sofrendo sempre!

A causa principal de todas estas desgraças é a carne! Contra o fogo que destrói as qualidades dos próprios frutos, e serve para tornar a carne sápida e comíveis os peixes e os vegetais de toda a ordem, levantemos o nosso brado! Mas também o homem deixou fermentar os frutos para se embriagar com o álcool e acendeu folhas de tabaco para fumar.

O homem também permite que nas suas cidades destruam os poucos espaços verdes, permitindo respirar o ar poluído pelos fumos dos automóveis e das fábricas.

Que singular insânia esta! Detenhamo-nos e ponderemos bem. Dum lado, o vício e a carestia, a má digestão e a doença. Do outro, a alegria e a escolha, o bom sangue e a boa saúde! No ânimo de cada um está a escolha. Se gosta da sua vida e a dos seus, siga o naturismo, que assegura uma existência longa e feliz na ventura e na paz.

Pessoas que parecem cheias de boa-vontade pedem, por vezes, esclarecimentos sobre o regime naturista; mas, em geral, mais dia menos dia, recaem nos vícios antigos, e, pela falta de estimulantes, maldizem o naturismo.

Quanto maior for o gozo dos tóxicos alimentares, tanto mais difícil é convencerem-se a abandonar a carne, o café e o álcool, que pervertem os nervos.