A doença

A doença é um rebate do organismo a dizer que se tem tido uma vida a tal ponto fora das normas que é necessário sofrer pelas infracções cometidas.

Só está doente quem quer (!), à excepção das pessoas que são portadoras de vícios hereditários que os nossos pais, ignorantes da sanidade, nos legaram, num sangue corrompido, por não se prepararem eugenicamente. Não admira que assim seja.

A falta de verdadeira instrução e o desconhecimento das doutrinas salutares, domina todas as classes, ainda hoje, por vários motivos.

Principalmente a gula é rainha da maior parte dos indivíduos.

Aqueles que desde a mais tenra infância vivem no inveterado despotismo dos hábitos alimentares inoculam depois nos filhos costumes péssimos.

É de lastimar mais ainda que sejam precisamente indivíduos cultos e instruídos os mais enraizados nos desregramentos da alimentação.

De tão grande mal pecam também os sábios, que não acatam de boa mente tais doutrinas, por não concordarem na sua prática.

Para que se possa ter a nítida compreensão da frototerapia é conveniente ensaiá-la de preferência nas pessoas de tenra idade. Porquê?

Porque se há defeitos e atavismos, é mais fácil vencê-los nessa época da vida. As crianças estão mais próximas da natureza; têm mais força vital e possuem menos acumulação de substâncias mórbidas; o seu organismo está no período do crescimento franco e aberto, e reage com grande prontidão aos agentes naturais.

As pessoas novas, tendo cometido menos pecados contra a perfeição, e estando por esse facto menos atacadas de hiper-progresso, podem obter o regular funcionamento do seu todo físico.

Tome-se uma criança mofina, de compleição enfermiça, clorótica, uma dessas crianças desgraçadas que vivem em ilhas e pátios ou mansardas sujas.

Purifique-se-lhe a pele anémica pela balneoterapia hélio-hídrica; regeneremos-lhe o tecido liquescente chamado sangue por uma boa nutrição; preparemos-lhe os músculos pelo exercício e repousos apropriados, e façamos-lhe respirar unicamente ar puro.

O milagre surgirá patente e os pais, tempos depois, desconhecerão o fruto enfezado da sua união.

Aos adultos e aos velhos achacados é mais difícil a transformação, porque além das taras herdadas, tomaram muitos alimentos precários, muitas bebidas embriagantes e ingeriram muitas drogas.

A carne possui toxinas e purinas inúmeras, gera o ácido úrico, provoca a colamina e produz todas as doenças da nutrição.

O álcool é a bebida inflamante e degradante, porque altera e modifica o sistema nervoso em absoluto, e sob qualquer forma que se apresente, é o maior dissolvente do carácter dos povos.

O corpo humano pode resistir à intoxicação do alimento cárneo, se tem órgãos de eliminação bons e aptos para reagirem, mas o álcool a ninguém perdoa, a todos pelo contrário arruína, a todos vicia, estigmatizando a geração futura, e marcando-a com um ferrete ignominioso.