Etiologia e epidemiologia

A etiopatogenia da doença de Alzheimer é múltipla. É hereditária em entre 1% e os 5% dos casos (doença de Alzheimer genética) por transmissão autossómica dominante, de alterações nos cromossomas 1 (presenilina 2), 14 (prenesilina 1) ou 21 (Proteína Percursora de Amilóide, APP), e a idade de aparecimento pode ser anterior aos 65 anos.
No resto dos casos (doença de Alzheimer complexa pu esporádica) a etiologia é multicausal, com diversos factores de risco, que incluem a predisposição genética evidenciada porque aumenta a frequência e aparece num paciente em primeiro grau com a doença e mais ainda se são vários; a idade e factores de risco exógenos, ambientais, que parecem favorecer o seu desenvolvimento como ocorre com os traumatismos cranioencefálicos graves.
Na doença de Alzheimer esporádica, que pode ser a de aparecimento tardio, a partir dos 65 anos, nem os factores genéticos e ambientais, separadamente provocam a doença. Mas, associados entre si são precisos, mas não suficientes, precisando além disso do concurso do factor envelhecimento.
A doença de Alzheimer é mais frequente nos suspeitos portadores de alelo E4 da Apoliproteina E (apõe cromossoma 19), especialmente nos casos homozigóticos para o dito alelo.
Pelo contrário, postulou-se um efeito oposto para o alelo E2 da mesma apõe, que teria, portanto, um papel protector. Cada vez mais nebulosa a evidência epidemiológica de que os factores de risco vascular (diabetes, hipertensão arterial, dislipemias, dietas ricas em gorduras, tabagismo…), e outros, como a intoxicação crónica leve por metais como o cobre, favoreçam também o desenvolvimento da doença de Alzheimer nas pessoas geneticamente predispostas.
Muitos desses factores são controláveis mediante a dieta, a manutenção dum peso corporal adequado e alguns medicamentos, o que incrementa a sua importância epidemiológica.
O mesmo se pode dizer da chamada “Reserva Cognitiva”, pois os suspeitos com maior capacidade cognitiva natural e adquirida (sociedade intelectual, cultura, estudos académicos, participação em actividades intelectuais e de distracção – jogos de mesa, dança…) apresentam a doença mais tarde que os indivíduos com menor Reserva Cognitiva, em igual quantidade de lesões histopatológicas da doença de Alzheimer presentes nos seus cérebros.
Duas pessoas podem ter uma quantidade de histopatologia de doença de Alzheimer, mas uma delas pode mostrar-se muito mais demenciada que a outra. A ideia que há por trás da reserva cognitiva é que o cérebro tenta compensar activamente a histopatologia.
As pessoas podem, por exemplo, compensar-se melhor mediante a utilização de redes cerebrais alternativas, ou mais eficientes, podendo funcionar com mais normalidade, apesar da sua histopatologia.
Também se vê afectada pela idade a prevalência, que é duns 0,02% na idade entre os 30 e os 59 anos, e passa a ser de 10,8% para a idade compreendida entre os 80 e os 0) anos.