Factores de risco

Nos restantes casos (doença de Alzheimer complexa ou esporádica) a etiologia é multifactorial, com diversos factores de risco, que incluem a predisposição genérica (evidenciada porque aumenta a frequência de existir um familiar em primeiro grau com a doença, e ainda mais se são vários), a idade (é mais frequente a partir dos 65 anos, a partir dos quais o risco se duplica todos os cinco anos) e factores de risco exógenos, ambientais, que parecem favorecer o seu desenvolvimento, como ocorre com os traumatismos cranioencefálicos graves.

Na sua forma esporádica, nem os factores genéticos nem os ambientais, separadamente, provocam a doença. Os factores genéticos e ambientais associados entre si, são necessários, mas não suficientes, precisando além disso do concurso do factor envelhecimento.

A doença de Alzheimer é mais frequente nos sujeitos portadores do alelo e4 da Apolipoproteína E (APOE cromossoma 19), especialmente nos casos homozigóticos para o referido alelo. Pelo contrário, postulou-se activamente oposto para o alelo e2 da mesma APOE que desempenharia, portanto, um papel protector.

Cada vez mais densa a evidência epidemiológica de que os factores de risco vascular (diabetes, hipertensão arterial, dietas ricas em gorduras) e outros, como a intoxicação crónica ligeira por metais como o cobre, favorecem também o desenvolvimento da doença de Alzheimer nas pessoas geneticamente predispostas.

Muitos desses factores são controláveis mediante a dieta, a manutenção dum peso corporal adequado e alguns medicamentos, o que incrementa a sua importância epidemiológica.

O mesmo se pode dizer da chamada “Reserva Cognitiva”. Os indivíduos com maior capacidade cognitiva natural e adquirida (quociente intelectual, cultura, estudos, participação em actividades intelectuais), apresentam a doença mais tardiamente que os indivíduos com menor Reserva Cognitiva, e em igualdade com lesões histopatológicas cerebrais típicas da doença de Alzheimer presente nos seus cérebros.

Duas pessoas podem ter a mesma quantidade de histopatologia da doença de Alzheimer, mas uma delas pode mostrar-se muito mais demenciada que a outra. A ideia de que há por trás da Reserva Cognitiva, é que o cérebro tenta compensar activamente a histopatologia. As pessoas podem, por exemplo, compensar-se melhor mediante a utilização de redes cerebrais alternativas, ou mais eficientes, podendo funcionar com mais normalidade, apesar da sua histopatologia.

Também se vê afectada pela idade a prevalência é de 0,0 no grupo etário dos 30 aos 59 anos, e passa para 10,8% para o grupo compreendido entre os 80 e os 89 anos.