Comparação

Aproxime cada qual, mentalmente que seja, o seu organismo desnudado do bloco de mármore vivido pelo escopro dos artistas, e poderá, por similitude, apontar os defeitos, as deformações, as atrofias, as cifoses, as lordoses, as entorses, as papeiras, as rotundidades do ventre, a teratologia enfim.

O organismo humano, pela acção dos estigmas herdados que se avolumaram de geração em geração, pelo conjunto patente da avalancha dos desvarios dos progenitores e pelos embustes com que se pretende iludir continuamente as leis naturais, que Hígia ensina e demarca – o organismo humano, nesta altura do tempo, está longe do paradigma apresentado nas Formosas estátuas gregas.

Mas, se reportarmos mais longe a conjunção comparativa, e se procurarmos ajuizar com mais radicais fundamentos, teremos de ir buscar os animais antropóides e com eles entrar em equação e resolver.

Então é ainda mais flagrante o desvio considerado por todos os pormenores.

O homem actual está, na sua grande maioria, tão efeminado e tão pervertido, que não passa duma sombra, ou dum fantasma do que foi nos tempos idos.

Pode dizer-se hoje que não há ninguém capaz de envergar a armadura de D. Afonso Henriques, nem tão-pouco de manejar a sua espada.

Se assim acontece ao físico, da mesma forma se pode dizer quanto ao moral, pois que um bom organismo equilibrado, revela-se, no cérebro e no temperamento.

O diagnóstico das doenças só pode fazer-se bem, depois da compreensão nítida do que é o homem normal.

Cada qual olhe para este espelho e verá reflectir-se nele o que é.

O rosto é uma parte do corpo que serve para mostruário do nosso organismo inteiro.

Cada órgão, cada região, cada aparelho tem a sua condensação, ou melhor, representação na cabeça e no rosto.

O ventre reflecte-se na boca e na barba; o peito no nariz e faces; o cérebro nos olhos e na testa.

E como o cérebro é o substrato de toda a vitalidade, é nos olhos e principalmente na íris que se acentuam as diferenciações funcionais

Os velhos processos do diagnóstico são falíveis. Os métodos naturais da interpretação das doenças pela expressão do rosto e da íris – diagnose – são quase absolutamente desconhecidos de público e dos próprios cientistas que só leiam livros técnicos.

Mas se conhecerem a literatura profissional inglesa ou alemã, já poderão certificar-se.

Os trabalhos do Dr. Inácio Peczely, médico húngaro distintíssimo, deram origem à íris-diagnose. À semelhança de Newton, vendo cair a maçã, pode daí concluir as suas leis da gravitação, assim o Dr. Peczely fez a sua descoberta sensacional, observando a íris duma ave que tinha sido ferida numa perna por um gato.

No segmento inferior da íris dessa ave, íris correspondente à perna atingida, havia uma alteração cromática em riscas e pontos.

Tempos depois, à medida que a pena se curava pelos meios naturais, essa alteração mudava de cor e de aspecto.