Velhos processos

Os velhos processos de diagnose pela inspecção, exploração manual, mensuração, peso dinamométrico, percussão, auscultação, urologia, exame do sangue, assim como os dados de toda a ordem, não são necessários ao médico naturista que compreenda o corpo humano e saiba interpretar as alterações morfológicas do rosto, do pescoço, da cabeça e sobretudo os sinais expressos na íris dos olhos.

Na fisionomia e expressão do rosto, o valor específico de cada variação como que vem reflectir-se.

Uma grande mudança na arte de curar há-de surgir quando a medicina souber ler e compreender o grande valor da diagnose pelos processos naturistas.

O tino profissional, a observação clínica do fácies do enfermo, eram para Hipócrates, como ainda hoje para os médicos mais experimentados, os melhores meios para o diagnóstico e prognóstico.

É até frequente ver pessoas de vulgo, só pelo aspecto daquele com quem conversam, avaliarem da sua saúde ou doença.

Assim, instintivamente, qualquer pessoa, mesmo pouco dada a estes estudos, pode, olhando para outrem, fazer um diagnóstico.

É um sentido inato de avaliação mais ou menos imperfeito, conforme a noção que se tenha da normalidade fisiológica, ou melhor, fisionómica.

O homem normal existe? Sem dúvida que os séculos degeneraram nas gerações esse tipo ideal que os escultores gregos nos deixaram nos seus mármores ainda existentes, e que se podem admirar nos museus.

O homem de hoje está longe de possuir os atributos físicos demonstradores da integridade biológica nos nossos primeiros pais.

O abastardamento da raça humana e o desvio têm sido efectivados por um sem número de causas e é difícil discriminar na maioria delas onde acaba a fisiologia e onde começa a patologia.

Os hábitos longamente adquiridos, as infracções de toda a ordem expressos em atentados devidos à supremacia que o homem se arrogou de comer o que entendeu e não o que lhe foi destinado, a série de doenças daí derivadas, e os malefícios dos remédios venenosos que se tem empregado, demonstram ser bem difícil aos fisiologistas ortodoxos concluir, com exactidão, dos limites entre o normal e o anormal.

Para quem ama a natureza e a estuda, para aqueles que lhe prestam culto e lêem no grande livro aberto que diariamente se planteia ante os seus olhos, sem mentiras da ilusão a desviá-los, é mais fácil definir a raia e estabelecer os pontos em litígio.

O homem normal será aquele cujos órgãos e aparelhos sejam harmónicos e funcionem bem.

O homem normal será aquele cujo equilíbrio seja conjugado em perfeição em todo o seu ser.