Vidência e telepatia

A existência da vidência e da telepatia, é um facto inegável, segundo alguns.

“A existência da vidência e da telepatia, assim como a de outros fenómenos metapsíquicos é contestada pela maior parte dos médicos e dos biologistas. Não se pode censurar essa atitude, porque esses fenómenos são fugitivos, e andam envolvidos com a massa enorme das superstições, mentiras e ilusões da humanidade. Embora se tenham registado em todos os países e em todas as épocas, não foram investigados cientificamente. E, contudo, mostra que se trata duma actividade normal, embora rara, do ser humano.
O Dr. Alexis Carrel começou a estudá-los, quando era jovem estudante de medicina, interessou-se tanto por eles como pela fisiologia, pela química e pela patologia. Teve ocasião de examinar alguns dos seus aspectos. Compreendeu, desde há muito, a insuficiência das técnicas empregadas pelos especialistas das investigações psíquicas, e das sessões em que médiuns profissionais se aproveitam muitas vezes do amadorismo. Nas suas conclusões, utilizou os seus próprios conhecimentos, e não a opinião alheia. A metapsíquica não difere da psicologia. Os homens de ciência não se deviam alarmar com a sua aparência pouco ortodoxa.
A Society for Psychical Research foi criada em Londres em 1882, sob a presidência de Henry Lidgwich, professor de filosofia moral da Universidade de Cambridge. Um Instituto Internacional de Metapsíquica, que o governo francês reconheceu de utilidade pública em 1919, foi organizado em Paris sob os auspícios de Richet, o grande fisiologista que descobriu a anafilaxia, e dum sábio médico, Joseph Teissier, professor de medicina na Universidade de Lyon. O seu Conselho Administrativo conta entre os seus membros um professor da Escola Médica da Universidade de Paris, e vários médicos. O seu presidente, Charles Richet, é autor dum trabalho de Metapsíquica. O Instituto publica a Revue Metapsiquique.
Nos Estados Unidos, este ramo da psicologia humana pouco tem atraído a atenção das instituições científicas. Contudo, o departamento de psicologia de Duke UNiversity empreendeu certas investigações sobre a vidência, sob a direcção do Dr. J B Rhine.”

«Aqueles que são dotados desse poder conhecem, sem utilizar os órgãos dos sentidos, os pensamentos de outros indivíduos. São igualmente sensíveis a acontecimentos mais ou menos afastados no espaço e no tempo.
Esta faculdade é excepcional, e apenas se desenvolve num pequeno número de seres humanos. Mas existe, em muitos, em estado rudimentar.

Àqueles que o possuam afigura-se-lhes muito simples; dá-lhes sobre certas coisas um conhecimento muito mais seguro do que o que podem obter por intermédio dos órgãos dos sentidos.

É-lhes tão fácil ler os pensamentos duma pessoa como analisar a expressão do seu rosto. Mas as palavras ver e sentir não exprimem exactamente o que se passa na sua consciência; não olham nem procuram; sabem.

A leitura dos pensamentos e dos sentimentos parece aparentada, ao mesmo tempo com a inspiração científica, estética e religiosa, e com a telepatia.

Em muitos casos, estabelece-se comunicação, no momento da morte ou dum grande perigo, entre dois indivíduos. O moribundo, ou a vítima do acidente, mesmo quando este não é mortal, aparece momentaneamente a um amigo sob o seu aspecto habitual. Muitas vezes, o fantasma não fala; outras, anuncia a sua morte, O vidente pode também ver, a grande distância, uma cena, um indivíduo, uma paisagem, que descreve minuciosa e exactamente. Muitas pessoas, que ordinariamente não têm o dom da vidência, recebem uma ou duas vezes na vida, uma comunicação telepática.

O conhecimento do mundo externo pode por vezes ser dado, portanto, por outras vias além dos órgãos sensoriais. É fora de dúvidas que o pensamento pode transmitir-se directamente dum ser humano a outro, mesmo a grandes distâncias. Tais factos, que são do domínio da nova ciência que é a metapsíquica, devem ser aceites como são; fazem parte da realidade e exprimem um aspecto mal conhecido do ser humano.»