O indivíduo homem - I

O proletário tem hoje uma situação tão baixa como a do servo feudal. Não tem mais esperança de evasão que aquele, nem de ser independente, nem de vir a ter autoridade sobre outros.

O artífice tem, pelo contrário, a legítima esperança de chegar um dia a patrão.

O aldeão proprietário das suas terras e o pescador proprietário do seu barco, embora sujeitos a um trabalho violento, são donos de si próprios e do seu tempo.

A maior parte dos trabalhadores industriais podiam ter independência e dignidade análogas.

Nos escritórios gigantescos das grandes empresas, estabelecimentos grandes como cidades, os empregados, como os operários nas fábricas, perdem a sua personalidade.

De facto, tornaram-se proletários. Parece que a organização moderna dos negócios e a produção em massa são incompatíveis com o desenvolvimento da pessoa humana.

Se assim acontece, é a civilização moderna que deve ser sacrificada, e não o homem.

A sociedade, se reconhecesse a personalidade desses seres humanos, seria obrigada a aceitar a sua desigualdade.

Cada indivíduo deve ser utilizado segundo os seus caracteres próprios. Procurando estabelecer a igualdade entre os homens, suprimiu particularidades individuais que eram muito úteis.

Porque a felicidade de cada um depende da sua exacta adaptação ao seu género de trabalho, numa nação moderna deve haver grande variedade de ocupações.

É, portanto, necessário variar os tipos humanos, em vez de os unificar, e aumentar essas diferenças, por meio de educação e dos hábitos.

Em vez de reconhecer a diversidade necessária dos seres humanos, a civilização industrial comprimiu-os em quatro classes:

• Ricos
• Proletários
• Camponeses
• Classe média

O empregado, o professor primário, o agente de polícia, o padre, o médico modesto, o sábio, o professor universitário, o logista, que constituem a classe média, têm aproximadamente o mesmo género de vida.

Estes tipos tão diversos são classificados lado a lado, não segundo a sua personalidade, mas segundo a sua posição financeira.


É, contudo, evidente que nada têm de comum. A estreiteza da sua existência asfixia os melhores, os capazes de se elevarem e procurarem desenvolver as suas potencialidades mentais.