Transmissão de pensamento

Dir-se-ia que o pensamento se transmite dum ponto ao outro do espaço, à semelhança das ondas electromagnéticas. Não sabemos com que rapidez, pois não foi ainda possível medir a velocidade das comunicações telepáticas.

Os físicos e os astrónomos não tomam em consideração os fenómenos metapsíquicos. Contudo, a telepatia é um dado imediato da observação.

Se um dia se descobrir que o pensamento se propaga no espaço como a luz, as nossas ideias sobre a constituição do Universo deverão ser modificadas. Mas está-se longe de provar que os fenómenos telepáticos se devam à propagação no espaço dum agente físico.

É mesmo possível que não haja qualquer contacto especial entre dois indivíduos em comunicação.

Sabe-se, com efeito, que o espírito não está inteiramente inscrito nas quatro dimensões da continuidade física.

Encontra-se, portanto, ao mesmo tempo no Universo material e Dora dele. Insere-se na matéria por intermédio do cérebro e prolonga-se fora do espaço e do tempo, como a alga se fixa a um rochedo e deixa a sua cabeleira flutuar nos mistérios do Oceano.

É-nos permitido supor que a comunicação telepática consiste no encontro, fora das quatro dimensões do nosso Universo, das partes imateriais de duas consciências.

Por agora, é preciso continuar a considerar as comunicações telepáticas como produzidas por uma extensão do indivíduo no espaço.

Esta extensibilidade espacial é um fenómeno raro. Contudo, muitos dentre nós lêem por vezes o pensamento dos outros como o fazem os videntes.

Analogamente, alguns homens têm o poder de arrastar, de convencer os seus semelhantes, de os levar assim ao combate, ao sacrifício, à morte.

César, Napoleão, Mussolini, os islamitas de hoje e de ontem, e todos os grandes condutores de povos, elevam-se acima da estatura humana, e impelem, com a sua vontade e as suas ideias, multidões inumeráveis.

Há relações subtis e obscuras entre certos indivíduos e as coisas da natureza.

Tais indivíduos parecem estender-se através do espaço e do tempo e apoderar-se da realidade concreta. Parecem sair de si próprios, assim como da continuidade física.

Às vezes, é em vão que estendem os seus tentáculos para além das fronteiras do mundo material, e voltam com as mãos vazias.

Mas podem também, como os grandes profetas da ciência, da arte, da religião, apreender, nos abismos do desconhecido, as leis naturais, as abstracções matemáticas, as ideias platónicas, a suprema beleza, Deus.