Demência com corpos de Lewy

A demência com corpos de Lewy tem um prognóstico pior que o da doença de Alzheimer, de acordo com os resultados dum estudo publicado pela revista Neurology. O estudo foi levado a cabo num total de 315 pessoas, e foi realizado por investigadores do Centro de Investigação de Doença de Alzheimer da Faculdade de Medicina de Washington University, Saint Louis, Missouri.

O objectivo deste estudo era precisamente determinar se a demência de Lewy progride ou não mais rapidamente que a doença de Alzheimer. Compararam-se os dados correspondentes a 63 pessoas com demência de Lewy e 252 com Alzheimer, recolhendo anualmente informação da sua evolução clínica e cognitiva até ao seu falecimento, e considerando como ponto de partida a progressão para a institucionalização e morte do doente. Realizou-se o estudo entre demência de Lewy e a doença de Alzheimer baseando-se nos resultados anatomo/patológicos.

A sobrevivência total média das pessoas com demência de Lewy foi de 78 anos, enquanto que a das pessoas com a doença de Alzheimer foi de 84,6 anos, com significativos efeitos modificadores em função do sexo e da presença de menos um alelo APOE4, assim como da presença de cormobilidade múltipla de sinais extrapiramidais, de perda de algumas actividades da vida diária, como vestir e alimentar, e de transtornos na marcha. A sobrevivência após o começo da demência nos pacientes, foi diferente também entre as duas doenças: 7,3 anos de média para a demência de Lewy face a 8,5 anos de média para a doença de Alzheimer.

Os riscos de institucionalização foram similares para as duas doenças, tal como ocorreu com a sobrevivência média dentro das instituições de cuidados, e tão-pouco diferiu entre elas o ritmo de declive cognitivo, medido pelo rendimento psicométrico e a estadificação clínica.

Nas suas conclusões, os autores afirmam que:

“A demência com corpos de Lewy aumenta o risco de mortalidade, comparada com a doença de Alzheimer, mas os grupos não diferiram no ritmo de declive cognitivo. O maior risco de progressão dos aspectos não cognitivos da doença para a demência de Lewy, comparada com a doença de Alzheimer sugere diferenças clinicamente significativas para os dois transtornos”.

Os portadores do genotipo APOE4, que eleva o risco de desenvolver Alzheimer, mantém uma função cognitiva similar à dos portadores ao longo da vida adulta, segundo mostra um estudo coordenado por Anthony Jorm, da Faculdade de Medicina da Universidade de Melbourne, na Austrália.

O trabalho, publicado no último número de Neuropsychology, assinala que, apesar de que alguns portadores apresentem certa deterioração cognitiva nos primeiros anos da idade adulta, isto não se deve, tal como especulavam outras investigações, às mudanças causadas pelo futuro aparecimento da doença de Alzheimer.

Os investigadores analisaram os dados de 6. 560 pessoas procedentes do estudo Path, uma investigação a longo prazo para combater aspectos associados com o envelhecimento em grupos de pessoas de 20 a 24 anos, 40 a 44 e 60 a 64.

“Analisamos a capacidade cognitiva, a perda d memória, o tempo de reacção, o vocabulário e a rapidez mental de todos os portadores de APOE4, uns 27% da amostra”, explicou Jorm.

Depois de realizar diversos testes, os investigadores compararam que a APOE4 não afectava a realização de tarefas cognitivas encarregadas dos participantes, independentemente da sua idade. “Isto indica que, pelo menos entre os 20 e os 64 anos, as funções cognitivas das pessoas que apresentam mais risco de Alzheimer, são similares às das que não apresentam mais risco de desenvolver a doença. A APOE4 parece elevar o risco em idades avançadas intensificando, mediante um mecanismo que ainda se desconhece, a deterioração normal que se sofre com o envelhecimento”.