Burn-out

A síndrome do cuidador queimado foi primeiramente descrita nos Estados Unidos, em 1974. Consiste num profundo desgaste emocional e físico, vivido pela pessoa que convive e cuida dum paciente crónico incurável., tal como o doente de Alzheimer.

O cuidador que dele pode sofrer, é aquele que chega a dedicar-lhe todo o seu tempo (inclusive deixar de trabalhar para cuidar dele), realmente em solitário (embora haja outros familiares que «lavam as mãos» e mantendo-se na periferia), durante já muitos anos e com estratégias inadequadas de resolução dos problemas.

Considera-se produzido pelo stress continuado do tipo crónico (não é do tipo agudo duma situação pontual), num batalhar diário contra a doença, com tarefas monótonas e repetitivas, com sensação de falta de controlo sobre o resultado final deste trabalho, e que pode esgotar as reservas psicofísicas do cuidador.

Inclui desenvolver atitudes e sentimentos negativos para com os doentes dos quais cuida, desmotivação, depressão, transtornos psicossomáticos, fadiga e esgotamento não ligado ao esforço, irritabilidade, despersonalização e desumanização, comportamentos estereotipados com deficiência na resolução dos problemas reais.

Pode fazer-se uma série de propostas úteis na hora de desenvolver programas para “cuidar do cuidador”.

• Aceitar que estas reacções de esgotamento são frequentes e até previsíveis no cuidador. São reacções normais face a uma situação “limite”, mas que necessitam de apoio.
• Não se esquecer de si mesmo, pondo-se sempre em segundo lugar. O “auto-sacrifício total” não faz sentido.
• Pedir ajuda pessoal ao detectar estes sinais, não os ocultar por medo de assumir que “está no limite das suas forças”, nem tão-pouco por culpa de não ser um super-cuidador, porque ninguém o é.
• Não temer acudir a um profissional e a grupos de ajuda, ou associações (existimos para isso) de afectados pela doença de Alzheimer, porque podem ser muito eficazes.
• Aprender técnicas de relaxamento psicofísico, visualização distractiva e outras…
• Solicitar informação e formação adequada sobre aspectos médicos da doença (evolução futura, previsão e complicações, medicação…) e conhecimentos práticos para enfrentar os problemas derivados, tais como nutrição, higiene, adaptação, mobilização do paciente… Tudo isso incrementa o sentimento de controlo e de eficácia pessoal.
• Marcar objectivos reais, a curto prazo nas tarefas de cuidar. Não manter falsas expectativas (o doente não vai piorar mais que o que está), nem tão-pouco ideias omnipotentes sobre “vou solucionar todos os problemas sozinho…”
• Ser capaz de delegar tarefas noutros familiares ou pessoal contratado e não se acreditar imprescindível.
• Manter-se auto-motivado a longo prazo, auto-reforçar-se nos êxitos, felicitando-se a si mesmo por tudo o que de bom vai fazendo.
• Não se fixar apenas nas deficiências e falhas que se tenham.
• Cuidar especialmente dos próprios descansos e alimentação; parar 10 minutos cada duas horas, dormir as horas suficientes e manter uma dieta adequada.
• Tomar também todos os dias uma hora para tratar dos assuntos próprios. Mesmo assim, permitir-se um merecido descanso semanal, longe do contacto directo com o doente.
• Se puder realizar exercício físico todos os dias, já que elimina toxinas corporais e despeja a mente.
• Evitar o isolamento, obrigando-se a manter o contacto com amigos e outros familiares. Sair de casa com outras pessoas; não ficar enclausurado, já que os vínculos afectivos cálidos amortecem o stress.
• Saber pôr limite às exigências excessivas do paciente; há que saber dizer “não” sem se sentir culpado por isso.
• Expressar abertamente a outras pessoas as frustrações, medos ou até ressentimentos; é um escape emocional sempre benéfico.
• Planear as actividades da semana e do dia. Estabelecer prioridades nas tarefas, diferenciando o urgente do importante. Decidir que coisas não vai poder realizar muito provavelmente. A falta de tempo é uma das primeiras causas do stress.
• Promover a independência do paciente. O cuidador não deve realizar o que o paciente possa fazer por si mesmo, ainda que o faça lentamente e mal.
• Usar Centros de Dia e ou solicitar-lhes o apoio domiciliári