Processos nutritivos

No decorrer dos “processus” nutritivos, os tecidos e os órgãos eliminam os seus resíduos. Estes resíduos tendem a acumular-se no meio local e a torná-lo inabitável às células.

Os fenómenos da nutrição reclamam, pois, a existência de aparelhos capazes de assegurarem, porá uma circulação rápida da linfa e do sangue, a substituição das matérias alimentares utilizadas pelos tecidos, e a eliminação das substâncias tóxicas.

Comparado com o dos órgãos, o volume dos líquidos circulantes é muito pequeno. Cada homem possui uma quantidade de sangue inferior à décima parte do seu peso.

Por outro lado, os tecidos vivos consomem muito oxigénio e muita glicose, libertando, assim, no seu meio, consideráveis quantidades de ácido láctico.

Para que um fragmento de tecido vivo cultivado num frasco não seja envenenado em poucos dias por resíduos da nutrição, é preciso dar-lhe um volume de líquido igual a duas mil vezes o seu próprio volume, e ainda necessita de ter à sua disposição uma atmosfera gasosa dez vezes maior, pelo menos, do que o seu meio líquido.

Por consequência, um corpo humano reduzido a polpa precisaria de cerca de duzentos mil litros de líquido nutritivo.

É graças à maravilhosa perfeição dos aparelhos que fazem circular o sangue, o carregam de substâncias alimentares, o libertam dos seus resíduos, que os nossos tecidos podem viver em sete ou oito litros de líquido, em vez dos duzentos mil.

A rapidez da circulação é suficientemente grande para que a composição do sangue não seja modificada pelos produtos da nutrição. A acidez do plasma só aumenta depois de um exercício violento. O volume e a rapidez do sangue circulante são regulados pelos nervos dilatadores e constritores dos vasos de cada órgão.

Quando a circulação diminui, ou pára, a linfa intersticial torna-se ácida. Os órgãos resistem mais ou menos a esta intoxicação, segundo a natureza das suas células.

Pode tirar-se um rim a um cão, e repô-lo em seguida sem que a privação temporária do sangue o impeça de funcionar normalmente. A interrupção da circulação num membro durante três, ou quatro horas também não tem qualquer consequência.

Mas o cérebro é muito mais sensível à carência de oxigénio, produzindo-se fatalmente a morte com a paragem de sangue e anemia completa durante cerca de vinte minutos.

A paragem da circulação por dez minutos basta para produzir perturbações muito graves e irreparáveis.

Assim, é impossível trazer à vida normal um indivíduo cujo cérebro esteve completamente privado da circulação durante um certo espaço de tempo.

Também é necessário que o sangue se encontre a uma certa pressão para que os órgãos funcionem normalmente. A nossa maneira de proceder e a qualidade dos nossos pensamentos dependem, em grande parte, do estado do nosso aparelho circulatório.

Toda a actividade humana é regulada pelas condições físicas e químicas do meio interior, e, em última instância, pelo coração e pelas artérias.