Progresso no Alzheimer

Geriatras, neurologistas, familiares e cuidadores de doentes de Alzheimer, conseguiram reunir em 12 pontos-chave os aspectos mais relevantes que, nos dias de hoje, tanto do ponto de vista médico como social devem ter-se em conta.

• Uma lei da Autonomia Pessoal será um instrumento que dotará de mais e melhores ferramentas sócias para a atenção à dependência, mas conta, desde o ponto de vista da saúde, com algumas lacunas e um escasso compromisso sanitário, que deve passar pelo firme compromisso de todas as comunidades, para evitar as situações de desigualdade.
• Os doentes de Alzheimer requerem uma atenção integral em todas as diferentes fases da sua doença, que só se consegue com a implicação de todos os recursos disponíveis. Com esta atenção integrada procura-se romper a tradicional divisão entre assistência na saúde e social e impor a perspectiva do doente para que a atenção seja personalizada e flexível.
• Para melhorar a qualidade da atenção aos doentes de Alzheimer é básico, uma correcta formação de todo o pessoal implicado. Temos a sorte de poder contar, no país, com profissionais com sólida formação, desde os médicos de família, passando pelos geriatras, neurologistas, psiquiatras, enfermeiros e o chamado pessoal auxiliar, assim como de voluntários devotados à causa.
• É necessário configurar um bom sistema que conte com mecanismos precisos para realizar um diagnóstico precoce em grupos de risco que resulte, dentro do possível, o aparecimento da doença de Alzheimer.
• Os cientistas avançam com passos sólidos na investigação sobre o Alzheimer, mas às vezes por caminhos paralelos, o que torna necessário um encontro da ciência que ponha em comum todo o conhecimento e consiga recuperar uma perspectiva global no estado da doença.
• Torna-se difícil diferenciar, desde o ponto de vista clínico, a fase pré-demencial nos processos neurodegenerativos de outras condições fisiológicas, como o envelhecimento, mas é necessário não estabelecer um vínculo directo entre a velhice, dependência ou Alzheimer.
• É possível que nos próximos anos apareça algum medicamento definitivo no tratamento da doença de Alzheimer, mas é importante não gerar falsas expectativas aos doentes e seus familiares.
• Existem algumas opções preventivas a ter em conta para tentar prevenir o Alzheimer, como uma vida cérebro-saudável, a actividade física, social e cognitiva, uma alimentação equilibrada, um controlo da hipertensão arterial…
• As associações de familiares e amigos ou doentes de Alzheimer devem ser acarinhadas no nosso país. Apoiam a investigação biomédica, exigem às instituições a criação de programas para manter os doentes na sua envolvência habitual, colaboram na criação e expansão de estruturas institucionais destinadas a informar e ajudar as famílias e cuidadores, ou na melhoria da protecção jurídica e social dos doentes de Alzheimer, entre outras questões.
• O papel das famílias e dos cuidadores familiares, tem uma grande importância porque, até ao desenvolvimento da tal lei de Autonomia Pessoal, sobre eles recai a maior parte da responsabilidade no cuidado do doente de Alzheimer. 35% das famílias abandonam os seus trabalhos para cuidar dos seus doentes. O que deve ser evitado a todo o custo.
• É esperançoso saber que a grande maioria dos nossos velhos não vai ter Alzheimer ou outra demência, já que só um em cada cinco com mais de 80 anos sofre desta doença; 20% dos casos de Alzheimer são diagnosticados na sua etapa inicial.
• A próxima década deve ser a da consolidação dos direitos das pessoas dependentes.