Princípios Gerais da Demência - II

4 – Estimular sem cansar

Motivar e estimular o mais que se puder. Fazer com que a pessoa goze o mais que possa cada momento da sua vida. Há muitas coisas que se podem fazer. Deve-se programar uma série de actividades para todos os dias da semana, sem que tenham de seguir uma ordem.

Para alguns doentes, 10 minutos são suficientes, enquanto para outros, uma hora até duas poderão ser efectivas. Trate-se de estimular as partes do cérebro que não tenham ainda sido afectadas pela doença, ao mesmo tempo que se proporcionam momentos de prazer e distracção.

Actividades como dobrar roupa, cortar cartolina, e se estragarem paciência, rasgar papéis que não prestem já, jogar as cartas, pintar, regar as plantas, são coisas que podem funcionar. Outro tipo de actividades, além de jogos, deve ser o exercício. Não interessa que não se possa mover muito. Devem ser animados e ajudados, e sentir-se-ão como verdadeiros jovens.

5 – Altos e baixos da demência

À medida que uma pessoa demenciada se deteriora, surgem diferentes problemas enquanto outros parecem desvanecer-se. Mais tarde, a pessoa pode estar completamente tranquila, sorridente e feliz da vida, enquanto nós, os cuidadores, ficamos como que desencorajados. Mas, a vida é assim.

Devemos aprender a estar atentos e alerta a todas estas mudanças e identificar, se possível, em que circunstâncias ocorrem ou porquê. Além disso, devemos aprender com os erros e aceitar a realidade. As coisas, certamente, não vão mudar, mas podemos aprender técnicas que nos ajudem a sair das situações difíceis, e suplantá-las, que enfrentamos.

6 – Demência e regressão

Muitas das capacidades que a pessoa adquire, perdem-se pouco a pouco sequentemente com a demência. Isto ocorre do mesmo modo, se bem que inversamente, quando uma criança vai adquirindo os conhecimentos para entrar plenamente na vida. Pensar numa criança, num bebé, como se vai desenvolvendo, como começa a andar, falar, tomar banho e vestir-se. É o mesmo modo em que nós temos que ensinar-lhes, a estes adultos, como devem fazer as coisas.

Nas etapas intermédias e finais da doença, a pessoa com demência perde grande parte dos seus conhecimentos. É quando nos parece que se revertem. Por isso, é conveniente pensarmos como foi o desenvolvimento de uma criança, já que isso nos ajudará a compreender o que acontece com a pessoa demenciada.

A pessoa doente terá que aprender de novo – e muitas conseguem-no – esta série de tarefas consistentes a separar bem na colher, no garfo, num copo, vestir a camisa, calçar os sapatos, vestir as calças, sobretudo “avisar que tem vontade de ir ao quarto de banho”.

Deve falar-se claramente e sem pressas. A música ajuda muito, tal como os sinais. Diga-se-lhe: “Quer fazer xixi?, fazendo «sssss», como se fosse água a correr. Deve-se acompanhar as palavras com um gesto, como pegar num como e beber água.
Algo que não se deve passar por alto e que é muito importante assinalar, é que nunca se deve tratar a pessoa que sofre de demência como se fosse uma criança. Se é verdade que a maioria das suas condutas e conhecimentos são como as de uma criança, por outro lado, elas continuam a ser adultas. E como adultas devemos tratá-las.