Considerações éticas e sociais no Alzheimer

As principais fontes de conflito ético nesta doença podem centrar-se nos pontos seguintes:

• A investigação clínica.
• O diagnóstico.
• A relação médico/doente, e, sua envolvência familiar e social.
• A acessória legal.

A investigação em pacientes com a doença de Alzheimer pode dar lugar a questões éticas e legais, por causa, entre outros factores, da deterioração cognitiva apresentada por estes doentes. As principais fontes de conflito ético nesta enfermidade podem situar-se na investigação e ensaios clínicos, o diagnóstico, a relação médico/paciente e a tutela legal. O conhecimento pelos médicos e investigadores dos princípios éticos de autonomia, a não maledicência, beneficência, a veracidade, a justiça e a confidencialidade, são ferramentas úteis na prática diária. Aqui se faz referência a estes princípios éticos e sua interacção na doença de Alzheimer.

O termo demência denota uma síndroma caracterizada por uma degenerescência progressiva das funções mentais, produzida por diversos tipos de lesões orgânicas do cérebro, com suficiente severidade para afectar o normal desenvolvimento do paciente na sociedade ou na família.

È sabido que os estudos de prevalência, realizados em países desenvolvidos, indicam que entre 4 e 5% das pessoas com mais de 65 anos tem uma demência com marcada incapacidade mental e que as formas iniciais ou ligeiras fazem ascender o número até 10 a 15%.

Os trabalhos mais recentes registam mais de 60 afecções capazes de causar uma síndroma demencial. A doença de Alzheimer é a mais frequente, já que causa 50 a 60% dos casos. Segue-se-lhe frequentemente a demência vascular, com 10 a 15%; corresponderia às restantes causas de demência, algumas delas potencialmente curáveis, em 5% da sua causa não pode precisar-se que depois dos estudos post mortem completos.

Se o prolongamento da esperança de vida é um dos maiores sucessos da medicina do nosso século, a doença de Alzheimer representa a mais trágica frustração, já que a sua incidência é duplicada todos os cinco anos – segundo os grupos etários – a ponto de aproximadamente 45% das pessoas de 85 anos ou mais sofram da doença. Esta enfermidade devastadora para as vítimas e seus familiares, foi reconhecida como a “doença do século”.

No mundo, aproximadamente 22 milhões de pessoas sofrem da doença de Alzheimer. O seu impacto é tal que nos Estados Unidos se calcula em aproximadamente 4,5 milhões de pessoas atingidas e segundo diversas projecções, o número de afectados subirá para 13 milhões no prazo de dez anos. É a terceira doença em custos sociais e económicos, só superada pela cardiopatia isquémica e o cancro. O custo total no país norte-americano foi estimado em 100 biliões de dólares por ano, sem ter em conta a perda da produtividade ocupacional, nos casos de início precoce.

Em Cuba, a prevalência oscila entre 7,76 e 14,96%, como diz o livro “Comportamento Demográfico Clínico e do Diagnóstico da Doença de Alzheimer””~, de 1998. De acordo com isto, estima-se em aproximadamente 85 mil pessoas de 60 e mais anos que sofrem de demência e doença de Alzheimer.

Aproximadamente 40% das pessoas internadas em locais para anciãos padece da doença de Alzheimer, número que internacionalmente se reportou entre 50 a 65%.

A doença de Alzheimer produz uma diminuição na expectativa de vida, sendo considerada, pelas suas complicações, a quarta causa de morte, e o maior peso deste sério problema médico, social e económico recai sobre os cuidadores.