Formação do homem

Embora o nosso conhecimento do homem seja ainda muito incompleto, dá-nos, contudo, o poder de intervir na sua formação, de ajudar a desenvolver todas as suas potencialidades, e de o modelar segundo os nossos desejos, logo que estes não se desviem das leis naturais.

Dispomos de três métodos diferentes: o primeiro consiste em fazer penetrar no organismo substâncias químicas capazes de modificarem a constituição dos tecidos, dos humores e das glândulas, e as actividades mentais; o segundo, em pôr em movimento, por modificações apropriadas do meio externo, os mecanismos da adaptação, reguladores de todas as actividades do corpo e da consciência; o terceiro, em provocar estados mentais que favoreçam o desenvolvimento orgânico, ou levem o indivíduo a constituir-se a si próprio.

O manejo destes meios é fácil, empírico e incerto.

Não sabemos utilizá-los senão imperfeitamente. Os seus efeitos não se limitam a uma parte só do organismo, mas estendem-se a todos os sistemas.

Agem lentamente, mesmo na infância e na adolescência. Mas produzem sempre modificações profundas no corpo e no espírito.

Os factores químicos e físicos do meio externo são, como se sabe, capazes de agir como instrumentos modeladores do indivíduo.

Para formar homens resistentes e ousados, é preciso utilizar os longos Invernos das montanhas, os países de estações extremas, aqueles em que há nevoeiros frios e pouca luz, que são batidos pelos furacões, cuja terra é pobre e semeada de rochas.

É em regiões assim que se poderiam situar as escolas destinadas à formação duma elite dura e ardente.

Mas não nos países do sul, onde o sol brilha sempre, e a temperatura é quente e igual.

A energia moral, o equilíbrio nervoso, a resistência orgânica, aumentam nas pessoas expostas a alternativas de calor e de frio, de secura e de humidade, de sol violento, de chuva e de neve, de vento e de nevoeiro; numa palavra, às intempéries comuns dos países setentrionais.

A brutalidade do clima da América do norte, da Rússia e Sibéria, onde sob um sol de Espanha e Portugal ou Itália há Invernos escandinavos, era provavelmente uma das causas da força legendária e da intrepidez do yankee de outrora.

Estes factores perderam quase totalmente a sua eficácia, desde que os homens se protegeram das durezas do clima pelo conforto das suas casas e pelo sedentarismo da sua vida.