Impaludismo e biliosa

Quem vive nos climas quentes está sujeito a ser atacado principalmente por duas doenças, que, embora diferentes, se conjugam muitas vezes. São essas doenças as sezões e a biliosa, usando de termos vulgares.

O impaludismo instala-se no colonial porque o sangue dos padecentes é formado de produtos impróprios; carne, pão, vinho, etc. A biliosa, o grande fantasma que tantas vidas ceifa, é resultante do fígado já não poder neutralizar tanto suco de carne, tanto pão, tanto vinho.

Conclui-se, portanto, que o homem devia viver dos alimentos naturais crus para estar indemne e poder vencer estas doenças ou todas as outras.

O terreno orgânico é tudo, e conforme ele for, assim nós seremos saudáveis ou doentes.

O micróbio do paludismo, ou melhor, o agente das sezões, só prolifera em sangue sem o antitóxico necessário para o neutralizar. O verdadeiro contraveneno são os frutos que não deixam, quando transportados ao sangue, após a digestão fácil, viver esse incómodo hóspede.

Nos laboratórios de microbiologia cultivam-se todos esses pequenos seres principalmente em caldo de carne.

Logo, quem usa na sua alimentação a carne e os seus caldos, tem em si um meio de cultura favorável aos micróbios.

A carne não tem nenhum hidrato de carbono, e, pelo contrário, só possui cadaverinas que são excitantes. Os frutos, porém, têm amido e glicose, que vão dar força aos músculos.

O Impaludismo vence-se e impede-se pelo naturismo.

Há quem diga que os frutos provocam desintria. Se tal sucede, é porque foram comidos com alimentos de lume, e os frutos nobres de qualidades, expulsam os intrusos companheiros: - a carne, o pão e o vinho.

Ainda assim, é conveniente dormir com o mosquiteiro para que o sono seja proveitoso.

O quinino mata, sem dúvida, o hematozoário, mas produz incómodos no baço e nos nervos.

Algumas pessoas imaginando que fazem bem ao tomá-lo, sofrem mais tarde dos males desse veneno, porque a quinina é um tóxico.

Muitos recomendam aos que sofrem de impaludismo o uso do café: é contudo preferível o limão, não se devendo tomar o café, que perturba, excita e violenta o sistema nervoso.

A biliosa impede-se também pelo jejum e pelos frutos, e cura-se pela dieta ancestral.

Em regra quem tem a biliosa, abusou da carne e do peixe cheios de especiarias, do álcool e do vinho, não dando tréguas ao fígado. O colonial como e bebe bem, como costuma dizer o público.

Pois, esses bons comedores e bebedores pagam o gozo. É preciso prever a temperança em tudo.

Não há máquina alguma que não deva ter descanso. Ora o fígado de quase todos os tropicais anda sempre na faina.

Demos-lhe uma folga de quando em quando, e veremos como, de dilatado e congestionado volta ao seu estado normal.

Por mais que se diga, ninguém se quer abster da pançada quotidiana. Nem um dia de jejum, porque comer torna-se num vício.

Para quem vive em climas tórridos a alimentação deve ser sóbria porque quando tomamos banhos de sol, nunca nos apetece comer senão frutos sumarentos.

O sol também cura, também dá vida, também dá saúde, e a temperatura alta é um óptimo alimento.

A higiene natural previne e vence estes dois mórbidos “fantasmas” tropicais.