Instituições futuras

As instituições de futuro, para que sejam fecundas, deverão fugir à confusão de conceitos, que já se disse ser uma das causas de esterilidade das investigações médicas.

A ciência suprema, a psicologia, precisa dos métodos e dos conceitos da fisiologia, da anatomia, da mecânica, da química, da química física, da física e das matemáticas, isto é, de todas as ciências que ocupam um plano inferior ao seu na hierarquia dos conhecimentos.

Sabe-se que os conceitos duma ciência de categoria superior não podem ser reduzidos aos duma ciência de ordem menos elevada; que os fenómenos macroscópicos não são menos fundamentais do que os microscópicos, que tão reais são os acontecimentos psicológicos como os físico-químicos.

Não obstante, os biologistas sentem por vezes a tentação de voltar às concepções mecanicistas do século XIX, que são cómodas.

Evita-se assim entrar em assuntos verdadeiramente difíceis.

As ciências da matéria inerte são indispensáveis ao estudo do organismo vivo; o seu conhecimento é tão importante para o fisiologista, como ao historiador o conhecimento da leitura e da escrita.

O objectivo dos biologistas é o organismo vivo, e não modelos ou sistemas isolados artificialmente.

A fisiologia geral, tal como a compreendia Bayliss, não é mais do que uma pequena parte da fisiologia. Os fenómenos orgânicos e mentais não podem ser descurados.

Sabe-se que a solução dos problemas humanos é lenta, que exige a vida de várias gerações de sábios, e que é necessária uma instituição capaz de manter sem interrupção as investigações das quais depende o futuro da nossa civilização

Devemos, portanto, procurar a maneira de dar à humanidade um foco intelectual, um cérebro imortal, capaz de reunir, de integrar os seus esforços e dar finalidade à sua marcha errante.

A criação de semelhante instituição seria um acontecimento de grande importância social.

Este centro de pensamento seria composto por muito poucos homens.

Perpetuar-se-ia automaticamente, de maneira que as suas ideias se conservassem sempre jovens.

Tanto os chefes democráticos como os ditadores poderiam beber desta fonte de verdade científica as informações que lhe são precisas para desenvolver uma civilização verdadeiramente humana.