Regresso à natureza - III

A natureza é o eterno tema de estudos de todos, desde o sábio até ao mais humilde campónio: a natureza exerce em todos a sua influência, apesar de tantos artifícios, apesar de tantos inventos.

Não estão orgulhosos os nossos irmãos brasileiros da sua Amzónia?

A natureza é imensa. O homem tenta, em vão, destruí-la. Jamais o conseguirá. Iconoclastas de vária espécie têm tentado alçar o saber humano a ponto de quererem sobrepor-se à natureza, não o conseguindo.

Regressar à natureza é, em última análise, convidar os homens a ocupar o lugar próprio que lhe foi destinado.

Regressar à natureza é aniquilar a doença e normalizar o organismo, purificando a contextura celular, vitalizando o sangue com alimentos próprios.

Regressar à natureza é ter saúde, alegria, bem-estar e tranquilidade.

Regressar à natureza, eis a solução de todos os problemas: das desigualdades sociais, do pauperismo, da luta de classes, dos males da civilização.

Problema vasto, fundamento de todas as filosofias, o naturismo, apesar de quantas dificuldades surjam para impedir a sua divulgação e praticabilidade, é e será sempre, através de todos os séculos, a maneira única de tornar a humanidade venturosa, reencarnando-a em moldes serenos de perfeita e lógica concepção.

Mil entraves surgirão ainda para que a não afectividade do público pelo naturismo se opere. Mas todos esses entraves, bem como tudo quanto tenha vindo dos séculos passados em degenerativos estigmas ou em abastardamento de intenções, não serão bastantes para que a natureza seja vencida.

Quem morre na luta é o homem que se entrega á árdua tarefa de se supercivilizar. Quanto mais confortos e comodidades tiver, quanto mais guloseimas comer, quanto mais vícios adquirir, tanto maior será o anátema lançado sobre si próprio.

Sem se cair em excessos de integralismo naturista, que o público não permite, podem-se entretanto adoptar, como refrigério e consolação, como medicina e higiene, os benefícios justos e virtuosos do progresso culto.

Ninguém julgue mal. Fundamentados nas mais modernas concepções de sábios, como Darwin, Hackel, Cuvier, Lamarck…, que estudaram, duma maneira absoluta o lugar do homem, antropológica e filosogeneticamente as bases científicas que ninguém jamais poderá atacar.

Pelo que se deve concluir que o homem tem de se cingir ao campo destinado para se desembaraçar da sua missão de normalidade.

Mas não haverá dificuldades em adoptar agora esses processos de vida? Não. De forma alguma desde que a transição se faça convenientemente conduzida, mudando-se pouco a pouco na generalidade dos casos.

Pretende-se entrar na integridade fisiológica tanto quanto possível. Eis o que é necessário difundir.

Este objectivo, que é um trabalho de regeneração, tem um fundo filosófico e um imenso alcance colectivo.

Regressemos, pois, á natureza, porque só assim teremos saúde. Regressemos à natureza e saibamos vencer a doença física e social.