Envelhecimento do cérebro - II

Alguns investigadores sustentam agora que a falta de memória relacionada com a idade não se deve tanto à perda de memória como a uma série de complexas interacções químicas que vão tendo lugar no cérebro e que envolvem uma eventual diminuição dos níveis de dopamina, um dos químicos do cérebro.

Um dos mais determinados factores do envelhecimento mental mantém-se inalterável: os progenitores.

Se eles estão ou estavam lúcidos aos 90 anos, o mais provável é que o mesmo venha a passar-se com qualquer pessoa. E embora não se possa fazer muito em relação aos genes, há coisas que podem influenciar.

A posição na escala socioeconómica desempenha um papel importante na acuidade mental. Os ricos têm realmente melhor saúde física e mental que os pobres. Talvez isso se deva a hábitos mais saudáveis e a estilos de vida com menos stress.

“O que se passa dentro de casa é um dos melhores prenunciadores dum bom envelhecimento”, afirma Chertkow. Casar com uma pessoa mais activa do ponto de vista intelectual aumenta as hipóteses de mantermos as nossas capacidades intactas, o que não acontecerá da parte do outro se não houver qualquer estímulo mental.

Calcula-se que as pessoas que se mantêm fisicamente activas ao longo da vida sejam cerca de sete anos mais novas em termos de capacidades cognitivas do que as com a mesma idade são sedentárias.

Ao reduzir as probabilidades de vir a sofrer de hipertensão, doenças cardíacas e diabetes, a actividade física regular ajuda a evitar pequenos enfartes que afectam o fluxo sanguíneo para o cérebro e podem causar um tipo de demência.

Quem se adapta bem á mudança tende a envelhecer melhor em termos de funções intelectuais do que quem tem uma personalidade mais rígida. E quem faz amigos com facilidade, provavelmente terá maior capacidade cerebral do que quem se mantém isolado.

“É melhor ter uma rede social mais vasta de amigos com quem interagir, do que não ter contactos sociais”, diz ainda Chertkow.

O stress crónico tem sido associado à atrofia do hipotálamo.

“Não é surpreendente que a memória piore na presença do stress crónico”, tendo-se verificado que os problemas de memória se atenuam com a sua diminuição. Embora não se possa controlar os genes ou a personalidade, o homem deve fazer tudo o que for possível para manter o cérebro saudável enquanto vai envelhecendo, afirma Grady.

E quanto mais exercitar o cérebro, maiores serão as hipóteses de o manter intacto.

“É bem evidente que as pessoas que se envolvem em actividades de lazer, intelectualmente estimulantes, várias vezes por semana, agem melhor do que as que se limitam a ficar sentadas no sofá a ver televisão.