Violância e agressão
Uma pessoa demenciada pode violentar-se numa situação de stress. A sua agressividade pode ser não só verbal, mas física, chagando à destruição dos móveis e objectos com os quais pode ferir-se a si própria.
Geralmente esta violência ocorre quase sempre quando alguém tenta aproximar-se dela, o que é visto como uma agressão à sua pessoa. Nestes casos, deve acalmar-se e não mostrar medo, tentando compreender ainda se a agressão é dirigida ao cuidador, o que nunca deve ser visto como um ataque pessoal.
Causas possíveis da violência
*Comportamento Defensivo – Uma pessoa com demência pode sentir-se humilhada e frustrada quando colocada em situação onde tem de aceitar ajuda, especialmente em tarefas consideradas íntimas, como tomar banho ou receber auxílio nas suas necessidades básicas, o que significa perder a sua independência e privacidade; pode trazer como consequência uma má reacção e violenta, ao sentir que já não pode fazer todas aquelas coisas que antes fazia sozinha.
• Maus entendidos – À medida que a doença avança, surgem certos detalhes em que a pessoa se vê desorientada e confusa. O doente pode acusar os demais de o terem roubado, numa tentativa desesperada para dar sentido à agressão ou uma justificação do que se passa e uma negação para aceitar a realidade, como a de esquecer as coisas, não podendo recordar onde puseram os objectos perdidos e muitos outros detalhes mais.
• Medo – A pessoa é incapaz de reconhecer pessoas ou lugares, o que pode assustá-la ou causar-lhe pânico. Ver muita gente ou estar no meio de muito barulho, pode causar-lhe certas reacções indesejadas. O mesmo pode acontecer se alguém se aproxima repentinamente por trás.
• Mudança de rotina – Exemplo disto pode ser a presença de muita gente, um acontecimento especial, ruídos ou muita actividade nova à sua volta.
• Busca de atenção – Tal como as crianças fazem as suas perrices para chamar a atenção, também o demenciado pode agir de modo impulsivo para tentar dar a entender que precisa de ajuda, não a sabendo pedir ou expressar.
• Dor e aborrecimento – Muitas vezes, factores como a dor, aborrecimento ou falta de actividade, traduzem-se em comportamentos de carácter negativo produzindo-se o tédio, agressão ou agitação, especialmente se a pessoa é incapaz de comunicar as suas dificuldades verbalmente.
• Tentativas para controlar o comportamento – Ou que nós, como cuidadores, queiramos controlar os comportamentos, como vagabundear, pode causar reacções catastróficas. Exemplo disto pode ser quando se lhe diz: “Sente-se, não fale, fique quieto…”
Enfrentar comportamentos agressivos
Medidas preventivas
• Tentar levar a cabo aquelas tarefas consideradas difíceis só quando a pessoa se encontrar no seu melhor momento.
• Tentar nunca pressionar a pessoa. Tomar em conta as suas limitações, não esperando muito ela.
• Fomentar o mais possível a independência para que a pessoa se valha a si mesma.
• Evitar confrontos que a nada conduzem, procurando alternativas e pedindo sugestões.
• Oferecer-lhe ajuda, mas com tacto.
• Estimular o asseio e o gosto pelas coisas que fez bem, bem como nunca a criticar.
• Tentar advertir, antecipadamente, sinais como a ansiedade ou agitação, inquietação, nervosismo, recusa em fazer coisas.
• O exercício pode ser uma medida preventiva muito útil.
• Se o cuidador suspeita que a pessoa está doente, dando mostras de dor, será muito conveniente a consulta do médico. Muitas vezes estas explosões de ira podem ser ocasionadas por uma infecção, dores ou mal-estar, que se podem remediar.
• Lembrar-se que nem todas as medidas preventivas vão funcionar sempre de igual modo. O cuidador não se deve culpar que rapidamente surja de novo algum tipo de agressão, devendo tomar as coisas com calma e se possível com uma dose suficiente de bom humor.
Estratégias
• Não tentar pressionar nem restringir ou encurralar a pessoa, tão-pouco aproximar-se por trás ou tentar algum tipo de contacto físico. É melhor deixá-la só até que ela mesmo se tenha acalmado.
• Falar-lhe com voz calma e tranquila, tentando distraí-la.
• Não a provocar rindo-se dela.
• Nunca mostrar medo.
• Procurar outros meios que possam tornar-se efectivos.
• Permanecer tranquilo e até certo ponto distante, para se não ver envolvido em argumentos estéreis. Em casos difíceis, respirar fundo, contar até cem se necessário. Funcionará…
• Convencer-se a si mesmo que em vez de estar a enfrentar uma pessoa, está a enfrentar uma doença.
• Se o cuidador perde a paciência, não deve sentir-se mal nem culpado; deve discuti-lo com alguém amigo, companheiro ou o grupo de apoio ou algum profissional que possa aconselhar.
• Se os incidentes de agressão persistem, o médico deve ser advertido e se possível ler o diário sempre em dia. Poderá sugerir algo mais, uma nova avaliação médica ou um novo medicamento tranquilizante.
Cuidar de si próprio
Torna-se lógico que este tipo de reacções deixa o cuidador cansado, por vezes irritado. É essencial que procure ajuda, seja dum familiar, um amigo, um membro do grupo de apoio ou um profissional de saúde.
No entanto, deve procurar certo tipo de ajuda no desempenho das suas tarefas de cuidados e asseio do local, que lave o ajude nos cuidados do doente. Deve lembrar-se, todavia, que todos esses sentimentos de angústia, frustração, culpabilidade, esgotamento e desespero, são muito normais. No entanto, se o cuidador pensa estar a perder o controlo, tanto de si como da situação, não deve duvidar em chamar alguém mais do grupo de apoio e desabafar.
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