Demências

Uma mulher duns cinquenta anos de idade foi internada num hospital devido ao seu comportamento, que se tornava cada vez mais estranho. Segundo a sua família, apresentava sinais de perda de memória e manifestava um acentuado delírio de ciúme, coisa completamente irracional.

Durante um exame médico, a mulher não pôde lembrar-se do nome do seu marido, nem do ano nem há quanto tempo estava no hospital. Lia e parecia não compreender o que lia, e dava uma ênfase inusual às palavras quando as lia em voz alta. De vez em quando agitava-se e parecia ter alucinações e medos também irracionais.

Essa mulher, a quem foi dado o nome de Auguste D, foi a primeira pessoa com quem se relacionou a doença que hoje se conhece como a de Alzheimer, já que tomou o nome de Alois Alzheimer, médico alemão que a descobriu pela primeira vez.

Depois da morte de Auguste D, em 1906, os médicos examinaram o seu cérebro e na sua descrição indicaram que este se tinha encolhido e que continha várias facetas pouco usuais, incluindo estranhas aglutinações compostas por proteínas chamadas placas, assim como redes de fibras dentro das células nervosas.

A deterioração da sua memória e outros sintomas da demência, que quer dizer “carente da mente”, tinham sido descritas em pessoas idosas desde os tempos antigos. No entanto, devido a que Auguste tenha começado a apresentar sintomas numa idade relativamente jovem, os médicos não pensaram que a sua doença pudesse estar relacionada com o que nesse tempo se chamava “demência senil”. A palavra senil deriva do termo latino que significa, mais ou menos, “idade avançada, velho”.

Agora sabe-se, com certeza, que a doença de Alzheimer é uma das causas principais da demência em pessoas de idade avançada, assim como em adultos relativamente novos. Além disso, sabe-se que é só um dos transtornos que podem conduzir à demência.

A demência senil e a síndrome cerebral orgânica são outros termos utilizados frequentemente para descrever a doença. A senilidade e a demência senil são termos que já se utilizavam e que reflectem a crença generalizada de que a demência faz parte do envelhecimento normal.

O termo síndrome cerebral orgânico é um termo generalizado, que se refere aos transtornos físicos (e que não têm origem psiquiátrica) que diminuem as funções mentais.

As investigações realizadas nos últimos trinta anos serviram para que se tenha uma melhor compreensão do que é a demência, quem a adquire e como afecta o cérebro. Este trabalho de investigação começa a dar frutos, e o seu resultado traduz-se em melhores técnicas para o seu diagnóstico, melhores tratamentos e até possíveis novas maneiras de prevenir esta doença.